Translate

Rolex Center Learning (Centro de Aprendizagem Rolex) - Lausanne/Suiça

sábado, 11 de agosto de 2012

Casa da Cascata (Projeto de Frank Lloyd Wright)


Considerada uma das mais famosas casas do mundo, a Casa da Cascata (em inglês: Fallingwater house) ou Casa Kaufmann (nome da família de seu primeiro proprietário) é uma residência localizada 50 milhas a sudeste de Pittsburgh, em Bear Run, na Estrada Rural 1, secção Mill Run de Stewart Township, Condado de Fayette, nas Laurel Highlands dos Montes Allegheny, Estado da Pensilvânia, Estados Unidos da América.
O edifício foi desenhado em 1934 pelo arquitecto Frank Lloyd Wright, considerado o introdutor da arquitectura moderna no seu país, e construída em 1936 no sudoeste rural da Pensilvânia. No entanto, a sua principal característica é o facto de ter sido erguida parcialmente sobre uma pequena queda de água, servindo-se dos elementos naturais ali presentes (como pedras, vegetação e a própria água) como constituintes da composição arquitectónica. Assim como várias outras obras de Wright, foi construída com materiais experimentais para a época.
O proprietário era o homem de negócios Edgar Kaufmann Sr., cujo filho Edgar Jr. fora aluno de arquitectura de Wright. Foi construída no meio dum bosque, no interior duma propriedade da família. Originalmente utilizada como residência de veraneio da família, a casa hoje é um museu.
Edgar Kaufmann Sénior foi um bem sucedido homem de negócios de Pittsburgh e fundador da loja de departamentos Kaufmann's. O seu filho, Edgar Kaufmann, Jr., estudou arquitectura com Wright brevemente.
Edgar Sr. tinha sido levado pelo seu filho e por Wright a pormenorizar os custos da sua utópica cidade modelo. Quando o estudo ficou completo, foi exposto na loja de departamentos Kaufmann’s e Wright foi um convidado na casa de Kaufmann, “La Tourelle”, uma obra-prima franco-normanda que o célebre arquitecto local Benno Janssen (1874-1964) tinha criado para Edgar J. Kaufmann, no elegante subúrbio de Fox Chapel, em 1923. Os Kaufmanns e Wright apreciavam bebidas refrescantes em La Tourelle quando Wright, que nunca perdia uma oportunidade para encantar um potencial cliente, disse a Edgar Jr,. num tom de voz que o seu pai pudesse ouvir, "Edgar, esta casa não é digna dos seus pais…" A observação despertou o interesse de Kaufmanns para algo mais digno. A Casa da Cascata seria o resultado final.
Os Kaufmanns possuiam algumas propriedads fora de Pittsburgh com uma queda de água e algumas cabanas. Quando as cabanas nos seus campos se tinham deteriorado ao ponto de algo precisar de ser reconstruído, o Sr. Kaufmann contactou Wright.
Em Novembro de 1934, Wright visitou Bear Run. Pediu um mapa mapa topográfico da área em volta da queda de água, o qual recebeu em Março de 1935. Este mapa foi preparado pela Fayette Engineering Company de Uniontown e incluiu todos os rochedos, árvores e topografia. Demorou nove meses para que as suas ideias para o sítio se cristalizassem num desenho que rapidamente foi esboçado por Wright a tempo para uma visita de Kaufmann a Taliesin East em Setembro de 1935[1][2]. Foi então que Kaufmann tomou consciência que o desenho de Wright previa que a casa fosse construída por cima da cascata, em vez de abaixo da mesma como tinha esperado.

Design e construção

O desenho estrutural da Casa da Cascata foi empreendido por Wright em associação com Mendel Glickman e William Wesley Peters, que tinha sido responsável pelo desenho das revolucionárias colunas que foram um elemento do desenho de Wright para o Johnson Wax Building.
 Planos preliminares foram emitidos a Kaufmann para aprovação no dia 15 de Outubro de 1935 , após o que Wright fez mais uma visita ao local e previu um custo estimado para o seu cliente. Em Dezembro de 1935 foi aberta uma velha pedreira a oeste da água para fornecer as pedras necessárias para as paredes da casa. Wright apenas fez visitas periódicas ao sítio durante a construção, designando Robert Mosher, que era um dos seus aprendizes, como seu representante permanente no local. Os desenhos finais do trabalho foram emitidos por Wright em Março de 1936, com as obras a começar na ponte e na casa principal em Abril desse ano.
A construção foi atormentada por conflitos entre Wright, Kaufmann e o empreiteiro da construção. O edifício está feito de tal forma que as quedas de água podem ser ouvidas do seu interior, mas as quedas só podem ser vistas quando se está de pé na varanda do piso mais alto. Este tipo de mistério de arquitectura geométrica intrigou mesmo o próprio arquitecto Wright.

Frank Lloyd Wright

Kaufmann mandou rever o desenho de Wright a uma firma de engenheiros consultores pondo em dúvida se Wright tinha experiência suficiente no uso de betão armado. Depois de receber o relatório, Wright ficou ofendido e pediu imediatamente a Kaufmann a devolução dos seus desenhos e indicou que se retirava do projecto. Kaufmann pediu desculpas e o relatório de engenharia foi posteriormente enterrado dentro duma parede de pedra da casa.

Depois duma visita ao local, Wright rejeitou, em Junho de 1936, o trabalho de betão para a ponte, a qual teve que ser reconstruída.
Para os pavimentos em consola, Wright e a sua equipa usou vigas integrais invertidas com a placa plana na face inferior formando o tecto do espaço abaixo. O empreiteiro, Walter Hall, que também era engenheiro, produziu cálculos independentes e defendeu que se devia aumentar o reforço da placa do primeiro andar. Wright rejeitou o empreiteiro. Enquanto algumas fontes afirmam que foi o empreiteiro que, silenciosamente, dobrou a quantidade de reforço], de acordo com outras, foi a pedido de Kaufmann que os seus engenheiros consultores redesenharam o reforço de Wright e dobraram a quantidade de aço especificado por Wright. Este aço adicional não só acrescentou peso à placa como foi instalado tão próximo que o concreto muitas vezes não conseguia preencher adequadamente o espaço entre o aço, o que enfraqueceu a placa. Além disso, o empreiteiro não construiu uma ligeira inclinação ascendente na cofragem para a consola compensar a adaptação e a sua deflecção depois do betão ter secado e da cofragem ter sido removida. Como resultado, a consola desenvolveu um abatimento perceptível. Ao tomar conhecimento disto, Wright substituiu temporariamente Mosher por Edgar Tafel.
Os engenheiros consultores, com a aprovação de Kaufmann, fizeram que o empreiteiro instalasse uma parede de apoio sobre a principal viga de suporte para o terraço oeste. Quando Wright discobriu isso durante uma visita ao local, fez com que Mosher, discretamente, removesse a linha superior de pedras. Quando Kaufmann, mais tarde, confessou o que tinha sido feito, Wright mostrou-lhe o que Mosher tinha feito e salientou que a consola se tinha mantido em teste, sob carga, durante o mês anterior sem o apoio da parede.
Em Outubro de 1937 a casa principal estava concluída.

Estilo

A extensão do génio de Wright em integrar cada detalhe deste desenho apenas pode ser sugerido nas fotografias. Esta residência privada organicamente desenhada foi pensada para ser um refúgio natural para os seus proprietários. A casa é bem conhecida pela sua ligação com o lugar: está construída no topo duma queda de água activa que corre por baixo da casa. A lareira com fogão a lenha na sala de estar é composta por rochedos encontrados no sítio e sobre os quais a casa foi construída — um conjunto de pedras que foi deixado no local sobressai ligeiramente aravés do pavimento da sala de estar. Wright tinha pensado inicialmente que estas rochas seriam cortadas rente ao chão, mas este tinha sido um dos pontos favoritos da família para apanhar sol, pelo que o Sr. Kaufmann insistiu que fossem deixadas como estavam. Os pavimentos de pedra foram encerados, enquanto o fogão de lenha foi deixado ao natural, dando a impressão de rochas secas sobressaindo dum riacho.
A integração com o cenário estende-se até aos pequenos detalhes. Por examplo, onde o vidro encontra as paredes de pedra não existe friso de metal; em vez disso, o vidro é calaftado directamente na pedra. Existem escadas que descem directamente para a água. Na "ponte" que liga a casa principal ao edifíco dos hóspedes e dos criados, uma rocha natural pinga água para dentro, a qual é então directamente devolvida. Os quartos são pequenos, alguns mesmo com tectos baixos, talvez para encorajar as pessoas a sairem para as áreas sociais abertas, molhes e espaços exteriores.
O riacho activo (que pode ser ouvido constantemente por toda a casa), redondezas imediatas e paredes e terraços em consola de pedra extraida localmente (lembrando as formações rochosas vizinhas) destinam-se a estar em harmonia, em linha com o interesse de Wright em fazer edifícios que eram mais orgânicos e os quais, desse modo, pareciam estar mais envolvidos com as redondezas. Apesar da queda de água poder ser ouvida por toda a casa, não pode ser vista sem se sair ao exterior. O desenho incorpora amplas extensões de janelas e as varandas estão fora da salas principais dando uma sensação de proximidade das redondezas. O clímax experiencial ao visitar a casa é uma escadaria interior que desce da sala de estar permitindo um acesso directo à correnteza abaixo da casa.
As opiniões de Wright sobre o que devia ser a entrada têm sido questionadas; ainda, a porta que Wright considerava ser a porta principal está escondida num canto e é bastante pequena. A ideia de Wright para a grande fachada desta casa é a da perspectiva de todas as famosas fotografias do edifício, olhando para cima a partir do riacho, vendo o canto oposto à entrada principal.
Na encosta acima da casa principal existe uma coberta para quatro carros (apesar dos Kaufmanns terem pedido uma garagem), alojamentos para os criados e um quarto de hóspedes. Este edifício exterior anexo foi construído um ano depois usando a mesma qualidade de materiais e a mesma atenção aos detalhes da casa principal. Logo acima fica uma pequena piscina de seis pés de profundidade, continuamente alimentada por água natural, a qual depois flui para o riacho abaixo. Através dum truque visual comparando as paredes da piscina com a paisagem mais além, a piscina parece não ter nível, embora, de facto, o tenha. A coberta foi, sob direcção de Kaufmann, Jr., fechada posteriormente para ser usada pelos visitantes da Casa da Cascata, que geralmente se reunem ali no final das visitas guiadas. Kaufmann, Jr. desenhou ele próprio os interiores, mas com as especificações encontradas noutros interiores da casa desenhados por Wright.





2 comentários:

  1. Este artigo está no Wikipedia, copiei-o quase na integra, modificando algumas fotos. Foi escrito usando uma bela biografia, porém evitarei me estender em citações bibliográficas. Citarei sempre a fonte principal das postagens.

    ResponderExcluir
  2. A enorme sensibilidade que o arquiteto Frank Lloyd wright teve ao projetar esta casa salta aos olhos de qualquer pessoa. A interação com a natureza é tamanha que transmite a sensação de ser uma "edificação natural do habitat". Existem algumas peculiaridades do local que chegaram a surpreender mesmo o arquiteto americano como o som das quedas d'água que podem ser ouvidas em diversos locais da casa, mas só conseguem ser vistas quando se está de pé na varanda do último andar. Mas esta casa não é uma excessão no currículo de Frank Lloyd Wright, autor de mais de mil projetos, o arquiteto é considerado um dos 5 maiores arquitetos da história (para muitos o melhor).

    ResponderExcluir